VELHO
E SONHADOR
Conversando comigo
outro dia estava novamente o sonhador. Entre um chimarrão e outro os silêncios
de que já nos acostumamos, falavam por nós. É fantástico perceber a empatia e
simbiose entre dois seres amigos há muito, que se conhecendo bem conseguem com
poucas ou nenhuma palavra se comunicar
tão bem. Quando jovem biologicamente, via velhos como sou agora, sentados ao
lado de outros aparentemente silenciosos. Constato hoje que se sentiam bem simplesmente juntos e que palavras não são
mais imprescindíveis para se comunicarem. A simples presença um do outro já
torna o momento especial. Algo aparentemente inexplicável acontece. Acredite ou
não é fantástico. Imersos em seus devaneios conseguem dialogar, concordar ou
não com o que está sendo “dito” e dar a sua opinião a respeito. Magia pura que
aparentemente se adquire com a idade e que funciona se os envolvidos tem
verdadeira amizade em comum. Conversas
em que a voz aparece existem sim e complementam coisas que nos outros encontros não mais
precisará ser dita. Já faz parte desta amizade. Velhos sonhadores, os dois. Um
talvez mais do que o outro. Quem
sabe. Não sentem a necessidade de
mensurar seus sonhos. Tem tempo para, dentro do seu ritmo individual, realizá-los concretamente. Meditam quem sabe
e juntos se encontram em outro nível, aprendido espontaneamente com o passar
dos anos. Hoje vejo com alegria que jovens adolescentes no caminho da idade
adulta já valorizam coisas diferentes do que a sociedade de consumo tenta fazer
consumir. Se bastam no menos que é mais. Atentos e inconformados com rumos
sociais que não concordam, reagem abraçando práticas milenares que completam o
individuo. Calmos e tranqüilos como não fomos quando com a mesma idade. Talvez
por estarem mais abertos às informações disponíveis e querendo pra si o que
consideram autentico. Nós velhos sonhadores ficamos felizes com isto, pois
vemos em nossos próprios meios familiares, tal acontecendo. Aceitamos hoje com
idade avançada a existência hoje, de meios mais rápidos para se obter sabedoria, se nossos interiores
souberem ouvir. Velhos sonhadores somos todos, se o quisermos. Sonhando acordados e conversando em
silêncios.
ricardo
garopaba blauth
Nenhum comentário:
Postar um comentário